O fenômeno de 2012 (português brasileiro) ou fenómeno de 2012 (português europeu) é um conjunto de crenças e teorias postulando que eventos catastróficos ou de transformação podem ocorrer no ano de 2012.[1][2] A previsão é baseada principalmente no que se diz ser a data final do Calendário de Contagem Longa Mesoamericano, que possui ciclos de 5.125 anos e encerra-se no dia 21 ou 23 de dezembro de 2012. Argumentos que suportam essas teorias são elaborados a partir de uma mistura de arqueoastronomia amadora, interpretações alternativas de mitologia, construções numerológicas e profecias sobre seres extraterrestres.
A interpretação da Nova Era sobre essa "transição" postula que, durante este tempo, o planeta e seus habitantes podem sofrer uma transformação positiva física ou espiritual e que 2012 pode marcar o início de uma nova era.[3] Por outro lado, alguns acreditam que 2012 marca o começo do apocalipse. Ambas as ideias foram disseminadas em vários livros e documentários de TV e se espalharam ao redor do mundo através de sites e grupos de discussão na internet. A ideia de um evento mundial que ocorreria em 2012, baseado em qualquer tipo de interpretação do calendário de contagem longa é rejeitada e considerada como pseudociência pela comunidade científica internacional.[2][4]
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Dezembro de 2012 marca o fim do atual ciclo b'ak'tun da contagem longa mesoamericana, a qual era usada na América Central antes da chegada dos europeus. Embora a contagem longa tenha sido provavelmente inventada pelos olmecas,[5] tornou-se estritamente relacionada com a civilização maia, cujo período clássico durou entre 250 e 900 d. C..[6] Os maias clássicos eram alfabetizados e seu sistema de escrita encontra-se substancialmente decifrado.
A contagem longa define a "data zero" em um ponto do passado, que marcou o fim do mundo anterior e o início do atual, correspondente a 11 ou 13 de agosto de 3114 a. C. no calendário gregoriano, dependendo da forma utilizada.[7] Ao contrário do calendário usado atualmente pelos maias, a contagem longa foi linear, e não conjuntural, e mantida em unidades de tempo baseadas no sistema vigesimal. Por esse meio, 20 dias correspondem a um uinal, 18 uinals (360 dias) a um tun, 20 tuns a um k'atun e 20 k'atuns (144.000 dias) correspondem a um b'ak'tun. Assim, por exemplo, a data maia 8.3.2.10.15 representa 8 b'ak'tuns, 3 k'atuns, 2 tuns, 10 unials e 15 dias desde a data zero. Muitas inscrições maias têm a contagem de mudança para uma ordem mais elevada após 13 b'ak'tuns..[8][9] Hoje, as correlações mais amplamente aceitas para o final do décimo terceiro b'ak'tun são no calendário ocidental os dias 21 e 23 de dezembro de 2012.[10]
Em 1957, o astrônomo Maud Worcester Makemson escreveu que "a realização do Grande Período de 13 b'ak'tuns será da maior importância para os maias."[11] Nove anos depois, Michael D. Coe, mais ambiciosamente, afirmou que o "Armageddon degeneraria todos os povos do mundo desde a sua criação, e que no dia do décimo terceiro e último b'ak'tun o universo seria aniquilado, no dia 24 de dezembro de 2012 (depois revisada para 23 de dezembro de 2012) quando o Grande Ciclo da contagem chega a sua conclusão."[12]
As conotações apocalípticas de Coe foram aceitas por outros estudiosos no início da década de 1990.[13] Em contraste, mais adiante, investigadores afirmaram que esta data não marcaria o final do calendário.[2][14] A questão é ainda mais complicada por diversas cidades-estados maias empregarem a contagem longa de maneira diferente. Em Palenque, a evidência sugere que os sacerdotes acreditavam que o ciclo terminaria após 20 b'ak'tuns e não 13.
Um filme chamado "2012", dirigido por Roland Emmerich e estrelado pelos atores John Cusack, Danny Glover, Chiwetel Ejiofor, Amanda Peet, Thandie Newton, Oliver Platt e Woody Harrelson estreou em 13 de novembro de 2009. Em 12 de novembro de 2008, o estúdio liberou o primeiro trailer de "2012", que mostrava uma megatsunami surgindo ao longo dos Himalaias, entrelaçado com uma mensagem supostamente científica sugerindo que o mundo acabaria em 2012 e que os governos da Terra não estavam preparando a população para o evento. O trailer termina com uma mensagem para os telespectadores descobrirem a "verdade", procurando "2012" no Google. O The Guardian criticou a eficácia do marketing como "profundamente falha" e associou-o com "sites que fazem reivindicações ainda mais espúrias sobre 2012".[15]
O estúdio também lançou um site de marketing viral operado pelo fictício Institute for Human Continuity, onde os cinéfilos poderão solicitar um número de sorteio para ser parte de uma pequena população que seria resgatada da destruição global.[16] O site fictício lista uma colisão com Nibiru, um alinhamento galáctico e um aumento da atividade solar entre os possíveis cenários apocalípticos.[17] David Morrison da NASA recebeu mais de 1000 perguntas de pessoas que achavam que o site era genuíno e condenou-o, dizendo: "Eu mesmo tive casos de adolescentes escrevendo para mim dizendo que eles estavam pensando em suicídio, porque não queriam ver o fim do mundo. Eu acho que mentir na Internet e assustar crianças com o fim de ganhar dinheiro é eticamente errado."[18]